Juventude que Ousa Lutar Constrói Poder
Popular
“Quem tá na linha de frente
Não pode amarelar
O sorriso inocente
Não pode amarelar
O sorriso inocente
Das crianças de lá” (Criolo)
Enormes manifestações sacudiram o país inteiro no último mês
de junho, num primeiro momento organizadas pelo Movimento Passe Livre em SP e,
num segundo momento, assumindo pautas difusas e contraditórias. A ausência de
organizações e entidades na direção dos protestos, fez com que as pessoas
fossem para as ruas sem um motivo de consenso, com reivindicações difusas e
contraditórias.
Mesmo assim, os movimentos que tomaram espontaneamente as
ruas do país em junho foram importantes e significativos para que muitos
setores (especialmente jovens), antes afastados de temas políticos, buscassem
debater os problemas que enfrentam em comum no dia a dia e, assim, buscar
saídas coletivas. Mais ainda, foram importantes para explicitar a forma
violenta e truculenta com a qual o Estado brasileiro lida com os movimentos sociais
e populares por meio da Polícia Militar. Por fim, o mais importante, os
movimentos foram bem sucedidos em muitos lugares, onde direitos (como o passe-
livre estudantil) foram conquistados e aumentos em tarifas foram revogados.
Em Amparo, onde grandes movimentações não são tão comuns,
mais de mil pessoas foram às ruas - na maior manifestação política de rua da
história da cidade - e também conseguiram conquistas, fazendo com que a atual
administração da prefeitura municipal recuasse no projeto que criava a
Contribuição para Iluminação Pública (CIP). Isto apenas comprova o que todos já
sabíamos: quando nos organizamos, nos mobilizamos e tomamos as ruas é possível
transformar a realidade, fazer valer nossos direitos e conquistar outros mais
que apontem para a superação das atuais estruturas de injustiças e opressão em
nossa sociedade.
Neste ano, o Grito dos Excluídos irá às ruas de todo o país
com o tema “Juventude que ousa lutar
constrói projeto popular”, chamando a atenção para a importância do
engajamento político e social dos jovens para que sejam sujeitos na construção
de uma realidade melhor e mais justa.
Em Amparo e na região do Circuito das Águas, um problema
enfrentado por todos os que dependem do transporte público intermunicipal (em
especial a juventude, que ainda não dirige ou não tem carro para dirigir) é o
monopólio exercido pela empresa que presta tal serviço na região. Digo “empresa”,
no singular, pois sabemos que as duas empresas de transporte intermunicipal que
hoje prestam o serviço surgiram da antiga Rápido Serrano e pertencem a mesma
família de coronéis políticos da região.
Por isto, neste 7 de
setembro estaremos panfletando e dialogando com a população de forma a
pressionar os órgãos responsáveis para que a concessão dos serviços a esta
“empresa” seja revista e novas licitações sejam abertas. Isto se justifica
pois, há anos é a mesma família que controla os serviços de transporte
intermunicipal, os quais são de péssima qualidade, com poucos horários, preços
altos e frota antiga e sucateada. Esta situação prejudica o desenvolvimento da
região e cria, inclusive, situações de perigo para aqueles que dependem de tal
serviço e para aqueles que trafegam pelas estradas da região.
Mais do que isso, também estaremos chamando a atenção para a
questão do transporte público municipal, cuja tarifa hoje se encontra em 2
reais e 50 centavos e a qualidade do serviço lá embaixo. Ônibus velhos e
quebrados, falta linhas e horários e função dupla para motoristas (os quais
cumprem papel de cobrador e motorista), são alguns dos problemas que fazem
parte da realidade do transporte público municipal. Queremos que licitações
sejam abertas e que soluções sejam encontradas para baratear a tarifa dos
circulares.
Mais do que isso tudo, estaremos nas ruas neste 7 de
setembro mostrando que a juventude deve ser sujeito e protagonista no processo
de construção de um outro mundo possível. Queremos mais e melhores serviços
públicos em geral, melhor trato com o dinheiro público, mais transparência e
mais democracia; menos da velha política do “tapinha no ombro” e mais
eficiência na gestão pública. Uma sociedade melhor, mais justa e mais
democrática não surgirá das instituições políticas tradicionais, mas da
mobilização e organização popular nas ruas. Por isto convidamos todas e todos
amparenses a somarem nessa luta conosco neste 7 setembro, assim como em outras
cidades da região que também estarão na luta contra o monopólio intermunicipal
do transporte público. Suprapartidários que somos, não fazemos distinções ou
sectarismos de qualquer tipo, queremos e desejamos a participação de todos e
todas.
Frente Popular Amparense