sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vivência social e ocupação de espaços públicos

Uma das reclamações mais recorrentes em Amparo entre os jovens é o fato de não encontrarem espaços para diversão, vivência ou mesmo confraternização ( a famosa "falta do que fazer" nos fins de semana). 
Realmente, a vivência aos fins de semana em nossa cidade ficou restrita aos "bares badalados" (com preços exorbitantes) e a locais privados (como chácaras, clubes particulares, etc.), o que não permite o acesso de muitas pessoas (especialmente do pessoal mais jovem) à vida social da cidade.
Esta situação é uma grande contradição para uma cidade que, relativamente, possui diversos espaços públicos para realização de eventos, atividades, reuniões e encontros (como as praças, jardins, coretos e largos). Ou seja, o que ocorre na cidade é uma verdadeira "privatização" da diversão, do entretenimento e (de forma mais geral) da vida social, pois todas estas realidades só se concretizam ao se pagar para ter acesso a elas em algum local particular. A utilização dos locais públicos para vivência, diversão ou mesmo confraternização é  rara por parte das pessoas e, quado um grupo o faz (principalmente jovens), é taxado de marginal. 
Esta situação de esvaziamento dos espaços públicos gera por consequência a impossibilidade do acesso a outras formas de cultura  (além das tradicionais e moralmente aceitas) e também impede o desenvolvimento de uma outra vivência social, mais inclusiva, tolerante, coletiva e humana, em contraposição a vida social individualista e vaidosa em moda atualmente (o que produz casos de violência, de machismo, homofobia e racismo). 
Por isto, nós defendemos a ocupação dos espaços públicos, seja para fazermos a luta social, debatermos política, realizarmos atividades culturais ou mesmo nos confraternizar. Neste sentido, o Festival de Inverno foi uma ótima iniciativa, trazendo Cultura e diversão para toda a população na Praça Pádua Salles. Porém, não é o suficiente ainda. Queremos uma cadeira na Câmara Municipal para, através dela, organizarmos atividades nos espaços públicos de nossa cidade (como fizemos na apresentação de nossa plataforma eleitoral, realizada no coreto do Jd. Público), propondo atividades político- culturais em parceria com a Prefeitura Municipal e com os movimentos artísticos da cidade. A diversão e a vivência social não precisam ser privatizadas, nós mesmos podemos recriá- las com cultura e abertura de diálogo. 
Uma cidade mais justa e democrática começa com a ocupação de seus espaços por parte de toda sua população, garantindo o sentimento de pertença coletiva daquele local. 


(detalhe: praça Pádua Salles completamente vazia durante a noite)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Essa conversa não é sobre você


Essa conversa não é sobre você

Querido estudante branco, de classe média, que faz cursinho pré-vestibular particular: eu sei que é difícil quando alguém nos faz enxergar nossos próprios privilégios, mas deixa eu tentar mais uma vez.
Eu (e mais uma penca de gente, me arrisco a dizer) não me importo com o quão “difícil” será para você entrar naquele curso de medicina mega concorrido com o qual você sonha, porque, simplesmente, esta conversa não é sobre você.
Eu sei que praticamente todas as conversas deste mundo são sobre você e você está acostumado com isso, então deve ser um baque não ser o centro das atenções. Mas, seja forte! É verdade: nós não estamos falando sobre você.
Quando você chora pelo sonho que agora parece mais distante de se realizar, suas lágrimas não me comovem. Porque o que me comove são as lágrimas daqueles que nascem e crescem sem qualquer perspectiva para alimentar o mesmo sonho que você. É sobre essas pessoas que estamos falando e não sobre você.
Quando você esperneia pelos mil reais gastos todos os meses com a mensalidade do seu cursinho e que agora se revelam “inúteis”, eu não me comovo. Porque o que me comove são as milhares de famílias inteiras que se sustentam durante um mês com metade da quantia gasta em uma dessas mensalidades. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.
Quando você argumenta que, na verdade, seus pais só pagam seu cursinho porque trabalham muito ou porque você ganhou um desconto pelas boas notas que tira, eu não me comovo. Porque o que me comove são as pessoas realmente pobres, que mesmo trabalhando muito mais do que os seus pais, ainda assim não podem dispor de dinheiro nem para comprar material escolar para os filhos, quem dirá uma mensalidade escolar por mais barata que seja. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.
Quando você muito benevolente até admite que alunos pobres tenham alguma vantagem, mas acredita ser racismo conceder cotas para negros ou outros grupos étnicos eusa até os dois negros que você conhecem que conseguiram entrar numa universidade pública sem as cotas, como exemplo de que a questão é puramente econômica e não racial, eu não me comovo. Na verdade, eu sinto uma leve vontade de desistir da raça humana, eu confesso, mas só para manter o estilo do texto eu preciso dizer que o que me comove é olhar para o restante da sala de aula onde esses dois negros que você citou estudam e ver que os outros 48 alunos são brancos. E olhar para as estatísticas que mostram a composição étnica da população brasileira e contatar a abissal diferença dos números. É sobre os negros que não estão nas universidades que estamos falando, não sobre você ou seus amigos.
Se a coisa está tão ruim, que tal propormos uma coisa: troque de lugar com algum aluno de escola pública. Já que não é possível trocar a cor da sua pele, pague, pelo menos, a mensalidade para que ele estude na sua escola e se mude para a dele. Ou, seja a cobaia da sua própria teoria. Já que você acredita que a única ação que deveria ser proposta é melhorar a educação básica: peça para o seu pai investir o dinheiro dele em alguma escola, entre nela gratuitamente junto com alguns outros alunos, estude nela durante 12 anos e então volte a tentar o vestibular. Ah, você não pode esperar tanto tempo? Então, porque os negros e pobres podem esperar até mais, já que todos sabemos que o problema da má qualidade da educação básica no Brasil não é algo que pode ser resolvido de ontem pra hoje?
Então, por favor, reconheça o seu privilégio branco e classe média e tire ele do caminho, porque essa conversa não é sobre você. Já existem espaços demais no mundo que têm a sua figura como estrela 
principal, já passou da hora de mais alguém nesse mundo brilhar.


O assunto é muito polêmico, sobretudo, nesse momento com a extensão das cotas raciais nas Universidades Federais, porém, discuti-lo, também, sobre o ponto de vista daqueles que muitas vezes não tem suas vozes ouvidas é muito importante.  Fazer política é pensar coletivamente, e não somente o quanto isso ou aquilo pode me beneficiar, como andam as discussões dessa temática até agora? será que beneficiando a coletividade, ou cada vez mais excluindo uma grande parcela da população, com falsas declarações de democracia? que democracia é esta que queremos, "a que me convém" ou a que interessa a todos?
Desde a instauração da república no Brasil, após o fim da escravidão, existe uma falsa ideia de nação democrática, nação onde se imperou o chamado "mito da democracia racial", onde o discurso é democrático, porém suas práticas não. Cotas raciais procuram corrigir o que no passado não foi feito, a inclusão dos negros em uma sociedade igualitária,com as mesmas condições de competição dentro da mesma. Não houve naquele momento de abolição políticas  que garantissem essa inclusão, assim, o que vemos hoje é uma tentativa de reescrevermos a história da democracia, marcada pela injustiça e exclusão, em nosso país.


domingo, 19 de agosto de 2012

Contra as drogas não há guerra, há tratamento!

Todos os dias assistimos a tragédias envolvendo as forças repressivas do Estado (vulgarmente conhecida como polícia) e supostos criminosos (na maioria das vezes acusados de envolvimento com o tráfico de drogas), as quais terminam sem mais a
purações. Estas realidades não estão distantes de Amparo. Apesar de acontecer em menor escala e frequência, a violência gerada pela guerra contra às drogas (confrontos entre policiais e traficantes, abusos policiais contra usuários, execução de suspeitos, abandono de dependentes por parte do Estado, etc.) está frequente em nossa cidade, basta ver como são tratados os moradores de rua e os jovens de periferia: abusos em nome de uma guerra que não tem fim. A polícia militar de São Paulo matou mais pessoas em 5 anos do que todas as forças policias dos EUA juntas! Desta forma, a matança de pobres e moradores de periferia continua sob a desculpa da tal guerra contra as drogas. (algumas vezes esta violência respinga na elite e então é noticiada na grande mídia).
Acreditamos que contra as drogas não há guerra, mas sim tratamento. O problema das drogas não se resolve com polícia e cadeia (como vem ocorrendo contra muitos usuários) mas sim com políticas públicas que ofereçam ao dependente a possibilidade de se recuperar. Mais do que isso, a questão das drogas passa pela garantia de dignidade e de um futuro com educação, cultura, esporte e emprego descentes para a juventude. Deixe de lado seu moralismo e entenda: o problema das drogas é caso de saúde pública e não de polícia!