segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O momento pede coragem

O Brasil enfrenta uma enorme onda de retrocessos que se desenvolve ao longo dos últimos anos, culminando na recente vitória eleitoral de Jair Bolsonaro no último pleito presidencial. Os retrocessos democráticos já se fazem visíveis na atuação de um judiciário partidarizado e na ação das forças de repressão policiais e milicianas que intimidam, agridem e executam lideranças populares, artistas e intelectuais. Mais do que isto, os retrocessos sociais já são sensíveis nas camadas mais pobres e vulneráveis da nossa população que sofre com a retiradas de direitos, com os cortes nos programas sociais e em áreas básicas como Saúde e Educação, com a Reforma Trabalhista e as terceirizações, compondo um quadro no qual milhões de brasileiros retornam para a pobreza e a extrema pobreza.
Esta conjuntura sombria exige, mais do que nunca, um posicionamento firme em defesa dos direitos sociais e democráticos, duramente conquistados por meio da luta da classe trabalhadora brasileira ao longo de décadas. Portanto, após anos sem publicar neste espaço, me sinto na obrigação a utilizá-lo novamente como ferramenta para o desenvolvimento do debate e da reflexão crítica acerca dos desafios coletivos que a realidade nos coloca, especialmente nas questões educacionais, espaço onde adquiri grande acúmulo nos últimos anos como professor, como sindicalizado na Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo) e atualmente como aluno de Iniciação Científica na Unicamp no projeto "Ensino Médio em Pesquisa".
Os desafios são muitos e a necessidade de cada vez mais unir Teoria e Práxis compõe o combustível dos escritos deste blog. Que a coragem não nos falte.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Impeachment ou Golpe?

"Nós acreditamos que, sempre, em qualquer situação, é muito melhor o diálogo, o consenso e a construção democrática do que qualquer outro tipo de ruptura institucional."

Dilma Rousseff


A situação política em nosso país é extremamente complexa e delicada. Complexa pois envolve a movimentação de forças políticas não muito claras e definidas para o conjunto da população e delicada pois ameaça conquistas e direitos básicos do nosso povo.
Muito se tem falado de impeachment e de fato, o dispositivo para impedir o mandato de um presidente está em nossa constituição. Porém, a mesma constituição é explícita ao declarar que tal mecanismo deve ser utilizado em caso de crime de responsabilidade, o que não é o caso da presidenta Dilma.
As justificativas até agora levantadas para embasar o pedido de impeachment não constituem nenhum crime de responsabilidade por parte da presidenta, seja por intenção ou omissão. As tais pedaladas fiscais não crimes de responsabilidade, não sendo entendidas como operações de crédito. De forma simples, as pedaladas são uma maneira de o governo usar recursos de bancos públicos para bancar programas sociais e políticas públicas, recursos estes que o governo federal já devidamente devolveu às instituições financeiras estatais.
Mais do que isso, a presidenta Dilma é uma das poucas mandatárias que não aparecem em nenhuma denúncia, delação ou investigação. Pelo contrário, foi durante seu governo que as investigações mais avançaram, com total independência das diversas instituições de controle. Vale Lembrar que foi no governo de Dilma que a lei de delação premiada e a lei que pune corruptores (como os executivos de empreiteiras e demais financiadores de campanhas) foram sancionadas.
Porém, os principais articuladores e defensores do impeachment estão atolados em investigações e denúncias de corrupção. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, maior defensor do impedimento de Dilma é acusado de movimentar mais de 50 milhões em contas no exterior, de intimidar e ameaçar delatores e de comandar esquemas de desvios em várias estatais.
Mesmo com a cobertura tendenciosa e criminosa da grande mídia que esconde e diminui os seus crimes e desmandos, políticos carreiristas e corruptos (como Eduardo Cunha, Aécio Neves, Delcídio do Amaral, José Serra, Renan Calheiros, etc.) estão sendo alvo de investigações e, por isto mesmo, querem derrubar a presidenta eleita. Dilma disse ainda na campanha de 2014 que não sobraria pedra sobre com as investigações e o grande medo desses corruptos é que todos esses esquemas continuem sendo descobertos e vindos a público.
Portanto, impeachment é um mecanismo constitucional sim, mas na atual situação ele serve como uma forma de legitimar legalmente um golpe de Estado. Golpe que vem sendo articulado pelas mesmas forças sociais e seus representantes que articularam o golpe civil-militar em 1964. Novamente, os pilares do golpe são a FIESP, as Organizações Globo e entidades jurídicas (como a OAB).
É a história se repetindo como tragédia. Os pretextos do combate contra a corrupção e a “ameaça esquerdista” (antes o comunismo, hoje o bolivarianismo) novamente são utilizados pelos conspiradores, usados para esconder suas reais motivações. Corte de direitos, aumento da austeridade fiscal, repressão a organizações populares e entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro são algumas dessas motivações. Só para exemplificar, o projeto de lei que abre caminho para terceirizações da atividade fim em empresas (PL 4330/2004) e o que muda as regras de exploração do pré-sal, entregando essa riqueza para grandes multinacionais (PLS 131/2015) são algumas das medidas defendidas pelos golpistas, sendo rechaçadas pelo governo Dilma.
Portanto, nesse momento de grande confusão e euforia política não podemos ceder aso discursos simplistas e simplificantes, muito menos flertar com o fascismo que avança nos discursos de políticos reacionários como Jair Bolsonaro. Os discursos contra minorias e contra a corrupção escondem a sanha autoritária de quem não sabe conviver com o diferente e não quer mudanças estruturais nesse país que permitam as classes mais baixes terem um mínimo de dignidade. Na atual conjuntura, impeachment é golpe sim. Não gostar de uma governante ou discordar de sua política não são justificativas para um processo de impedimento, mas apenas um crime de responsabilidade por parte da mandatária, o que não se verifica.
Nossa democracia nunca esteve tão ameaçada desde a redemocratização e as consequências de seu enfraquecimento são terríveis, especialmente para a classe trabalhadora e os mais pobres. Por isso, gritar Não vai ter Golpe! Não significa mais defender um partido ou um governo, mas sim a nossa democracia, conquistada a duras penas e perdas. #NãoVaiTerGolpe #DitaduraNuncaMais


Tobias Gasparini é professor e secretário de Formação Política do PT de Amparo 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Educação em xeque


Peço licença para atualizar a célebre frase de Darcy Ribeiro, "A crise da Educação em São Paulo não é uma crise; é um projeto". De fato, não é possível entender a atual situação da educação pública em nosso estado sem ter em mente que a realidade encontrada nas escolas estaduais é produto de um projeto de desmonte e sucateamento que vem sendo implementado no estado há mais de 20 anos.
É nesse contexto de crise planejada e permanente das escolas estaduais que se encaixa o atual projeto de "reorganização" escolar apresentado pelo governador Alckmin. Com esse projeto, 311 mil jovens serão afetados no estado de São Paulo e 94 escolas serão fechadas a partir do ano que vem, isso sem levar em conta as várias salas de aula que deixarão de existir.
O resultado desta nova política educacional em nosso estado será mais do mesmo: salas de aula ainda mais lotadas, dificuldade de acesso às unidades escolares por alunos que moram distantes dos centros urbanos, aumento da evasão escolar e o aumento do número de professores incapazes de lecionar.
É bom destacar também que (segundo dados do IBGE de 2010) mesmo sendo o estado mais rico da federação, temos 2,9% de nossos jovens entre 7 e 14 anos fora da escola; ficamos atrás de estados como Paraíba, Sergipe e Piauí, os quais possuem IDH (índice de desenvolvimento humano) muito menor do que o estado de São Paulo.
Já segundo a ONG Todos Pela Educação, nosso estado concentra o maior número absoluto de crianças entre 4 e 17 anos fora da escola, totalizando 575 mil.
Com a atual reorganização, esses números tendem a piorar e a evasão do Ensino Médio aumentar, pois muitos alunos precisarão se deslocar ainda mais para chegar a escola, sem contar nos alunos que ficarão sem transporte garantido para estudar.
Como já foi dito acima, esse sucateamento da escola pública não é de hoje, já vem sendo implantado como um projeto por sucessivos governos do PSDB em nada comprometidos com a educação, cuja única resposta aos educadores é a truculência e as balas de borracha da tropa de choque.
Obviamente que este desmonte da educação é acompanhado do apoio de quem lucra com isso: um dos maiores apoiadores do governo Alckmin é o grupo Abril, o qual comprou em 2010 o sistema Anglo, fazendo da Abril Educação uma das maiores exploradores do mercado de ensino privado.
Não a toa, o governador Alckmin destina milhões de reais do dinheiro público para o grupo Abril na forma de publicidade do governo todos os anos.
Diante desta realidade, cabe a sociedade colocar a educação como prioridade para construir um país mais justo e igualitário, abrindo caminho para seu desenvolvimento. Como disse Paulo Freire, "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".
Cabe saber se os paneleiros que se orgulham de xingar a presidenta dos adjetivos mais machistas e nojentos possíveis, estarão dispostos a bater panelas também contra aquele que condena os filhos dos pobres e trabalhadores a um futuro onde a Educação e o conhecimento não tem espaço.

Tobias Gasparini, é morador de Amparo e professor da rede estadual.



terça-feira, 22 de setembro de 2015

“Estamos condenados a civilização: ou progredimos ou desaparecemos”.


Engana-se quem acha que a atual crise econômica, na qual os mercados do mundo todo estão imersos, é passageira e de fácil superação. Desde o estouro da bolha especulativa no mercado imobiliário dos EUA o capitalismo mundial não vai bem das pernas e, incapaz de lidar com suas próprias contradições internas, corrói as condições de vida da classe trabalhadora para garantir o acúmulo de riqueza nas mãos dos banqueiros e patrões.
No Brasil, a situação não é diferente do resto do mundo. Apesar de atingir nosso país com certo atraso em relação aos EUA e a Europa, a crise chegou e afeta milhões de brasileiros.
Porém, diferentemente de outras crises que encontravam um país frágil e quebrado, esta atual chega num momento ímpar de nossa história, fruto de políticas progressistas e desenvolvimentistas adotadas a partir de 2003, quando Lula assumiu a presidência.
Nosso país atravessa atualmente uma das maiores crises da história do capitalismo com reservas internacionais capazes de garantir a nossa saúde financeira, um mercado interno grande e robusto que garante a circulação de mercadorias, bancos e empresas estatais que  geram crédito, empregos e capacidade de investimento; além disso, nosso país passou recentemente pela maior ascensão social de sua história, tirando mais de 20 milhões de pessoas da miséria e injetando na classe média mais 30 milhões de pessoas. Como consequência, pela primeira vez na história brasileira, não estamos mais no mapa da fome da ONU.
Essas conquistas precisam ser preservadas e aprofundadas no futuro, abrindo caminho para um país menos desigual, mais justo e mais democrático. Porém, elas estão seriamente ameaçadas pela atual crise. As atuais medidas de ajuste fiscal do governo federal atacam diretamente os trabalhadores e os setores populares do país, aprofundam a recessão e beneficiam apenas os banqueiros e especuladores do mercado financeiro, reduzindo a capacidade do Estado investir.
A saída, contudo, não está na agenda proposta pela direita, que tem no impeachment da presidente Dilma sua grande bandeira, o que abriria caminho para reverter as conquistas dos últimos doze anos com medidas de austeridade ainda mais duras e ainda fragilizar nossa jovem democracia.
De fato, para garantir as conquistas sociais do último período e enfrentar a crise sem jogar nas costas dos trabalhadores a conta pela crise, é necessário que a presidenta Dilma aplique a política econômica que consta em seu programa de governo, sem ceder às pressões do mercado financeiro e da oposição encabeçada pelo PSDB. É hora de aproveitar a crise e a realizar as grandes reformas estruturais que abram caminhar para transformar nossa sociedade: reforma política, reforma urbana e agrária, reformas dos meios de comunicação e uma reforma tributária que taxe as grandes fortunas e patrimônios.
Acreditar que trocando a presidência da república, abrindo caminho para o que há de mais retrógrado na política brasileira, seria a melhor forma de enfrentar o atual momento é servir como massa de manobra daqueles que sempre se beneficiaram da miséria e da pobreza da maioria da população. Nós, da classe trabalhadora, deveríamos estar nas ruas exigindo que a Dilma realizasse as reformas democráticas e populares destacadas acima e implementasse uma política econômica não ortodoxa como atualmente, tirando do comando do Ministério da Fazenda um rato dos banqueiros como é Joaquim Levy.
Por fim, mas não menos importante, é necessário nesse momento de crise que estejamos atentos ao crescimento do fascismo disfarçado. Em momentos históricos como o atual, é comum a escalada do ódio e da intolerância como soluções aos problemas trazidos pelas contradições do sistema capitalista. Os ataques seletivos e violentos ao PT, aos partidos de esquerda e aos movimentos sociais e populares são um termômetro do tipo de discurso propagado na sociedade pela mídia e pela direita raivosa. Mesmo em situações adversas, o respeito e o diálogo devem sempre ser a marca da democracia, ao contrário das ofensas e ataques físicos como ocorrem atualmente. Devemos lembrar que a democracia ainda é frágil e pouca interessa a quem sempre pôde manipular a população através da tela da TV.
Seria melhor, neste momento difícil, que a classe trabalhadora compreendesse que no capitalismo ela sempre será a bucha de canhão com a qual a burguesia supera suas próprias crises; seria melhor lembrarmos que não temos nada a perde no capitalismo, a não ser nossos próprios grilhões; seria melhor acreditarmos que um outro mundo é possível, um mundo socialista e livre de crises, de miséria e de guerras.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Na contramão do futuro

~Texto Publicado no jornal A Tribuna na edição de 3 de junho de 2015~

Apesar de todas as evidências e experiências concretas mostrarem os benefícios individuais, coletivos e urbanos da utilização de meios de transporte não motorizados (como as bicicletas) sobre os motorizados (carros e motos), ainda há quem combata a presença das ciclovias nas vias urbanas. Pior, há ainda quem queira destruir as existentes.
Antes de mais nada, vale destacar que a mobilidade urbana é uma das qualidades mais importantes para o desenvolvimento sustentável de uma cidade (sustentabilidade entendida em toda sua abrangência: ambiental, social, econômica, cultural e urbanística). Promover a mobilidade urbana é garantir espaços adequados para que pedestres e os mais variados meios de transporte possam circular com segurança e dignidade.

Mais do que isso, promover efetivamente a mobilidade urbana é priorizar meios de transporte individuais não motorizados sobre os motorizados, como está colocado na Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída pela presidenta Dilma em janeiro de 2012. Nesse mesmo ano, Amparo já registrava média de um carro para cada 1,5 habitantes, com trânsito sobrecarregado no centro da cidade em horários de pico. Sem dúvida, não será asfaltando nem recapeando a cidade toda que esse problema será enfrentado, pelo contrário. Atuando dessa forma, a gestão municipal incentiva muito mais os veículos motorizados do que meios alternativos para o transporte, o que agravará o problema.
Vale lembrar que o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte para as tarefas diárias, e não só como meio de recreação para os momentos vagos, traz inúmeros benefícios para a cidade como um todo.
Construir ciclovias significa garantir mais segurança, pois as bicicletas são menos perigosas do que carros e motos uma vez que seu limite de velocidade é menor. Ciclovias promovem a ocupação do espaço público, tornando-o espaço de convivência e não só de passagem. Mais do que isso, a presença da ciclovia é benéfica para o comércio, pois ciclistas são clientes potenciais que passam em baixa velocidade e que não exigem grandes áreas de estacionamento, o que permite que possam observar uma vitrine e entrar em uma loja.
Os meios não motorizados, como a bicicleta, skate e patins, são também ambientalmente mais saudáveis, não exalam poluentes na atmosfera e melhoram a qualidade de vida daqueles que frequentam o centro da cidade. Segundo pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, em 16 anos morrerão 256 mil pessoas no estado de São Paulo vítimas da poluição atmosférica, sendo que 3/4 dessas mortes ocorrerão no interior do estado. Falando em Saúde, incentivar o uso de bicicletas é incentivar hábitos saudáveis, reduzindo o sedentarismos e prevenindo doenças crônicas, o que gera economia nos gastos públicos com tratamentos e remédios.
Além disso, a bicicleta também gera economia para o cidadão, uma vez que seu custo de manutenção é muito menor do que o custo de veículos motorizados, o que fomenta a economia e o comércio. 
Por tudo isso, e mais um pouco, a implantação de ciclovias no centro da cidade e ao longo do Parque Linear foi uma grande conquista para a cidade e sua população. A construção de ciclovias é o primeiro passo para incentivar as pessoas a usarem a bicicleta, e outros meios de transporte individual não motorizados, em suas tarefas pela cidade. Em praticamente todas as experiências bem sucedidas ao redor do mundo de promoção e incentivo do uso de meios de transporte alternativos, a construção de ciclovias foi um passo primordial e imprescindível
Diante dessa realidade, fica claro que a proposta de destruição da ciclovia na Rua XV de Novembro não visa promover a mobilidade urbana no centro da cidade, pois agride uma peça fundamental para a mobilidade. O que está por trás, na verdade, é a tentativa de apagar os avanços e transformações pelos quais a cidade passou nas gestões petistas de César Pagan e Paulo Miotta. De fato, parece ser o único projeto de gestão dos atuais aloprados que governam Amparo.
Portanto, defender as ciclovias (e por consequência, uma política de mobilidade urbana de verdade) é defender um modelo de cidade bem diferente daquele que a atual administração do prefeito Jacob e seus aliados (entre eles, o vereador que propôs a destruição da ciclovia na Rua XV de Novembro) estão implementando em Amparo. Queremos uma Amparo democrática, inclusiva, humana, sustentável e apontando para o futuro. Não uma cidade que vive de passado e depende dos velhos coronéis que sempre a usurparam. 

Infelizmente, estamos discutindo a manutenção de uma ciclovia ao invés de discutir a construção de novas pela cidade. Estamos, basicamente, na contramão do futuro.


terça-feira, 26 de maio de 2015

PSDB, o inimigo número 1 da Educação.

" Se a pessoa não consegue produzir, coitado, vai ser professor" disse uma vez o ex-presidente FHC ainda no exercício do seu mandato. Ao longo dos 8 anos de presidência de FHC, o Brasil perdeu um terço dos seus mestres e doutores no ensino público superior, nenhuma nova universidade federal foi criada e o país passou pelo maior processo de privatização do ensino de sua história.
Em menor ou maior grau, essa sempre foi a forma como a direita brasileira tratou a Educação Pública, em especial o maior representante da direita brasileira, o PSDB. Privatizações, falta de investimento público, desvalorização do professor e truculência para lidar com os problemas educacionais são as principais marcas do bico tucano na Educação. 
Recentemente, o Brasil todo ficou chocado com o massacre contra professores em greve promovido pelo governo tucano de Beto Richa no Paraná, resultando em mais de 200 profissionais da educação feridos, muitos gravemente. Foi o maior ato de violência contra manifestantes da história recente do nosso país, com direito a bombas sendo arremessadas de helicópteros sobre a cabeça dos professores.
Em São Paulo, os professores da rede pública estadual estão em greve desde o dia 13 de março, reivindicando melhores salários, melhores condições de trabalho e mais investimentos na Educação. No estado mais rico da federação, existem registros de salas de aula com até 85 alunos, fruto do fechamento de mais de 3000 salas de aula por parte do governador tucano Geraldo Alckmin no início deste ano; há escolas sem inspetores de alunos, sem técnicos de informática, sem materiais didáticos e produtos básicos de higiene, como papel higiênico e sabonete. Apesar de não ter reprimido com a mesma violência os professores em greve como no Paraná, Geraldo Alckmin tem cortado o ponto dos grevistas e postergado cada vez mais a negociação, o que afeta diretamente o bolso de pais e mães de família que dedicam suas vidas para a Educação de nossas crianças. Qualquer professor da rede pública de São Paulo conhece de longa data a forma como o tucanato paulista trata seus profissionais da educação: com descaso, humilhação, corte de verbas e até com cassetetes e bombas. 
No governo tucano de Amparo, representado pelo prefeito Jacob, a forma de lidar com o professor não é diferente. O atual prefeito se recusou a dar aumento acima do aumento do piso concedido pelo governo federal e há registros de falta de materiais básicos nas escolas municipais, como produtos de escritório, de limpeza e higiene. A forma do Jacob lidar com esses problemas também segue o modus operandi tucano, pois quando professores da rede municipal de ensino se manifestaram neste ano por salários e melhores condições nas escolas municipais, o prefeito sequer recebeu estes servidores. 
Por fim, vale destacar que o governo federal, nos últimos 12 anos, investiu na Educação como nunca antes nesse país: Prouni, Reuni, Fies, política de cotas, Ciência sem Fronteiras, 10% do PIB para educação até 2020, expansão da rede federal de ensino superior e técnico são algumas das medidas que ajudaram a dobrar o números de estudantes no ensino superior no Brasil desde 2003. Mais do que isso, em 2008, o governo Lula sancionou a Lei do Piso Nacional da Educação, garantindo um mínimo digno para professores de todo Brasil, sendo que neste ano a presidenta Dilma garantiu o maior aumento do piso da história, 13,01%. Vemos, então, há diferenças muito gritantes entre um governo popular e um governo tucano quando se trata de Educação. 
Por tudo o colocado acima e mais um pouco (por falta de espaço, não foi aqui elencado) a principal força da direita nacional, o PSDB, ganhou a pecha de inimigo número um dos professores e da Educação por todas as experiências de governo que executaram. Um tucano decente, com o mínimo de lisura, teria vergonha em falar de Educação e valorização do funcionalismo público.

 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Amparo 186 anos: pensar no futuro!

Neste 8 de Abril a cidade de Amparo faz aniversário, completando 186 anos. Nasceu apenas 7 anos após a independência do Brasil, num país ainda jovem e carregado de heranças do período colonial. Hoje a realidade é bem diferente daqueles dias, não somos mais uma cidade que tem como motor do seu desenvolvimento a agricultura. Amparo se urbanizou, indústrias se estabeleceram aqui, o comércio cresceu e milhares de turistas nos visitam todos os anos; mais de 3/4 de nossa população mora na área urbana atualmente e mais da metade dos nossos trabalhadores estão empregados na indústria.
Essas transformações pelas quais Amparo passou foram mais intensas nas últimas décadas, o que trouxe muitos avanços mas também muitos desafios. Aproveitar a data comemorativa do nascimento da cidade para refletirmos sobre seu futuro é um desafio colocado para o conjunto dos cidadãos e cidadãs amparenses, uma vez que partimos do princípio de que uma cidade democrática e desenvolvida deve ser pensada e construída coletivamente.
A cidade cresce atualmente na direção oeste, ou seja, acompanhando a localização das grandes empresas que hoje estão instaladas aqui. Cresce nos bairros populares, compostos majoritariamente por trabalhadores e trabalhadoras que almejam melhores condições de vida, serviços públicos de qualidade e equipamentos urbanos necessários em suas regiões.
Na última década o crescimento destes bairros populares foi razoavelmente acompanhado pela instalação de equipamentos e serviços públicos nas áreas onde estes se faziam ausentes. Postos de saúde, escolas e creches municipais, serviços de saneamento básico e iluminação pública, são algumas das necessidades colocadas pelo desenvolvimento e crescimento da cidade, as quais foram garantidas (excetuando poucos problemas isolados) no último período graças a realização de um planejamento urbano participativo, democrático e voltado para o atendimento das necessidades concretas da cidade, sem privilegiar regiões ou pessoas. 
Tal planejamento garantiu que Amparo ganhasse o prêmio de 1º colocado nacional em desenvolvimento municipal pelo índice Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) no ano de 2010, o que significa que nossa cidade se destacou na geração de Emprego e Renda e na garantia de Educação Pública Municipal e Saúde Pública Municipal. 
Estas conquistas, porém, pode ser severamente afetadas no futuro da cidade. Um Projeto de Lei de autoria do atual prefeito Jacob foi aprovado no ano passado pela Câmara Municipal ampliando em 40% a área urbana da cidade, que terá início no Bairro de Duas Pontes, passando pelo distrito de Arcadas, pela área central de Amparo e terminando no distrito de Três Pontes. 
Isso significa novos loteamentos, novos bairros, mais pessoas e áreas necessitando de serviços e investimentos públicos municipais, numa proporção 40% maior do que a realidade que hoje temos na cidade. Longe de não querer o crescimento da cidade ou de querer fazer discurso provinciano, apenas questiono se a atual administração da Prefeitura Municipal será capaz de realizar um planejamento adequado para esse aumento considerável em nossa área urbana, garantindo unidades de saúde, escolas e creches municipais, serviços de saneamento, espaços de lazer e esporte além de políticas públicas municipais visando garantir dignidade cidadã a essas pessoas. 
Hoje, existem áreas da cidade que convivem com a escuridão, com postes e lâmpadas públicas apagadas, áreas públicas municipais estão sem manutenção, escolas convivem com falta de materiais básicos e os postos de saúde com a falta de remédios, além da falta de médicos; a cidade vive a maior crise de Dengue da sua história pela falta de planejamento na saúde municipal e pela omissão da atual administração, além de que obras da última gestão estão abandonadas ou negligenciadas (as luzes do parque linear estão apagadas, bem como acontece com as luzes do Mercadão frequentemente e com os postes com lâmpadas de LED da Av. Bernardino de Campos). 
Como então acreditar que a atual administração será capaz de garantir um crescimento nessa proporção da parte urbana do município com qualidade de vida e dignidade de acesso a serviços e instrumentos municipais básicos? Fica difícil não é?
Não é a intenção profetizar um futuro catastrófico para a cidade de Amparo em pleno mês em que completa 186 anos. Contudo, se faz necessário encarar firmemente o futuro que está colocado para nossa cidade, olhando para as conquistas do passado. Pensar e planejar a cidade devem ser atos coletivos se quisermos uma cidade democrática e de todos, ainda mais em uma conjuntura tão difícil. É urgente que a população participe dos rumos da cidade, seja pelos meios institucionais (conselhos, audiências públicas, sessões da câmara municipal, etc.), por meios populares (movimentos sociais, mobilizações, protestos, passeatas, etc.) e pelo meio eleitoral, o qual infelizmente precisa aguardar até ano que vem...