quarta-feira, 24 de junho de 2015

Na contramão do futuro

~Texto Publicado no jornal A Tribuna na edição de 3 de junho de 2015~

Apesar de todas as evidências e experiências concretas mostrarem os benefícios individuais, coletivos e urbanos da utilização de meios de transporte não motorizados (como as bicicletas) sobre os motorizados (carros e motos), ainda há quem combata a presença das ciclovias nas vias urbanas. Pior, há ainda quem queira destruir as existentes.
Antes de mais nada, vale destacar que a mobilidade urbana é uma das qualidades mais importantes para o desenvolvimento sustentável de uma cidade (sustentabilidade entendida em toda sua abrangência: ambiental, social, econômica, cultural e urbanística). Promover a mobilidade urbana é garantir espaços adequados para que pedestres e os mais variados meios de transporte possam circular com segurança e dignidade.

Mais do que isso, promover efetivamente a mobilidade urbana é priorizar meios de transporte individuais não motorizados sobre os motorizados, como está colocado na Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída pela presidenta Dilma em janeiro de 2012. Nesse mesmo ano, Amparo já registrava média de um carro para cada 1,5 habitantes, com trânsito sobrecarregado no centro da cidade em horários de pico. Sem dúvida, não será asfaltando nem recapeando a cidade toda que esse problema será enfrentado, pelo contrário. Atuando dessa forma, a gestão municipal incentiva muito mais os veículos motorizados do que meios alternativos para o transporte, o que agravará o problema.
Vale lembrar que o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte para as tarefas diárias, e não só como meio de recreação para os momentos vagos, traz inúmeros benefícios para a cidade como um todo.
Construir ciclovias significa garantir mais segurança, pois as bicicletas são menos perigosas do que carros e motos uma vez que seu limite de velocidade é menor. Ciclovias promovem a ocupação do espaço público, tornando-o espaço de convivência e não só de passagem. Mais do que isso, a presença da ciclovia é benéfica para o comércio, pois ciclistas são clientes potenciais que passam em baixa velocidade e que não exigem grandes áreas de estacionamento, o que permite que possam observar uma vitrine e entrar em uma loja.
Os meios não motorizados, como a bicicleta, skate e patins, são também ambientalmente mais saudáveis, não exalam poluentes na atmosfera e melhoram a qualidade de vida daqueles que frequentam o centro da cidade. Segundo pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, em 16 anos morrerão 256 mil pessoas no estado de São Paulo vítimas da poluição atmosférica, sendo que 3/4 dessas mortes ocorrerão no interior do estado. Falando em Saúde, incentivar o uso de bicicletas é incentivar hábitos saudáveis, reduzindo o sedentarismos e prevenindo doenças crônicas, o que gera economia nos gastos públicos com tratamentos e remédios.
Além disso, a bicicleta também gera economia para o cidadão, uma vez que seu custo de manutenção é muito menor do que o custo de veículos motorizados, o que fomenta a economia e o comércio. 
Por tudo isso, e mais um pouco, a implantação de ciclovias no centro da cidade e ao longo do Parque Linear foi uma grande conquista para a cidade e sua população. A construção de ciclovias é o primeiro passo para incentivar as pessoas a usarem a bicicleta, e outros meios de transporte individual não motorizados, em suas tarefas pela cidade. Em praticamente todas as experiências bem sucedidas ao redor do mundo de promoção e incentivo do uso de meios de transporte alternativos, a construção de ciclovias foi um passo primordial e imprescindível
Diante dessa realidade, fica claro que a proposta de destruição da ciclovia na Rua XV de Novembro não visa promover a mobilidade urbana no centro da cidade, pois agride uma peça fundamental para a mobilidade. O que está por trás, na verdade, é a tentativa de apagar os avanços e transformações pelos quais a cidade passou nas gestões petistas de César Pagan e Paulo Miotta. De fato, parece ser o único projeto de gestão dos atuais aloprados que governam Amparo.
Portanto, defender as ciclovias (e por consequência, uma política de mobilidade urbana de verdade) é defender um modelo de cidade bem diferente daquele que a atual administração do prefeito Jacob e seus aliados (entre eles, o vereador que propôs a destruição da ciclovia na Rua XV de Novembro) estão implementando em Amparo. Queremos uma Amparo democrática, inclusiva, humana, sustentável e apontando para o futuro. Não uma cidade que vive de passado e depende dos velhos coronéis que sempre a usurparam. 

Infelizmente, estamos discutindo a manutenção de uma ciclovia ao invés de discutir a construção de novas pela cidade. Estamos, basicamente, na contramão do futuro.