~Texto Publicado no jornal A Tribuna na edição de 3 de junho de 2015~
Apesar
de todas as evidências e experiências concretas mostrarem os
benefícios individuais, coletivos e urbanos da utilização de meios
de transporte não motorizados (como as bicicletas) sobre os
motorizados (carros e motos), ainda há quem combata a presença das
ciclovias nas vias urbanas. Pior, há ainda quem queira destruir as
existentes.
Antes
de mais nada, vale destacar que a mobilidade urbana é uma das
qualidades mais importantes para o desenvolvimento sustentável de
uma cidade (sustentabilidade entendida em toda sua abrangência:
ambiental, social, econômica, cultural e urbanística). Promover a
mobilidade urbana é garantir espaços adequados para que pedestres e
os mais variados meios de transporte possam circular com segurança e
dignidade.
Mais
do que isso, promover efetivamente a mobilidade urbana é priorizar
meios de transporte individuais não motorizados sobre os
motorizados, como está colocado na Política Nacional de Mobilidade
Urbana, instituída pela presidenta Dilma em janeiro de 2012. Nesse
mesmo ano, Amparo já registrava média de um carro para cada 1,5
habitantes, com trânsito sobrecarregado no centro da cidade em
horários de pico. Sem dúvida, não será asfaltando nem recapeando
a cidade toda que esse problema será enfrentado, pelo contrário.
Atuando dessa forma, a gestão municipal incentiva muito mais os
veículos motorizados do que meios alternativos para o transporte, o
que agravará o problema.
Vale
lembrar que o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte
para as tarefas diárias, e não só como meio de recreação para os
momentos vagos, traz inúmeros benefícios para a cidade como um
todo.
Construir
ciclovias significa garantir mais segurança, pois as bicicletas são
menos perigosas do que carros e motos uma vez que seu limite de
velocidade é menor. Ciclovias promovem a ocupação do espaço
público, tornando-o espaço de convivência e não só de passagem.
Mais do que isso, a presença da ciclovia é benéfica para o
comércio, pois ciclistas são clientes potenciais que passam em
baixa velocidade e que não exigem grandes áreas de estacionamento,
o que permite que possam observar uma vitrine e entrar em uma loja.
Os
meios não motorizados, como a bicicleta, skate e patins, são também
ambientalmente mais saudáveis, não exalam poluentes na atmosfera e
melhoram a qualidade de vida daqueles que frequentam o centro da
cidade. Segundo pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, em
16 anos morrerão 256 mil pessoas no estado de São Paulo vítimas da
poluição atmosférica, sendo que 3/4 dessas mortes ocorrerão no
interior do estado. Falando em Saúde, incentivar o uso de bicicletas
é incentivar hábitos saudáveis, reduzindo o sedentarismos e
prevenindo doenças crônicas, o que gera economia nos gastos
públicos com tratamentos e remédios.
Além
disso, a bicicleta também gera economia para o cidadão, uma vez que
seu custo de manutenção é muito menor do que o custo de veículos
motorizados, o que fomenta a economia e o comércio.
Por
tudo isso, e mais um pouco, a implantação de ciclovias no centro da
cidade e ao longo do Parque Linear foi uma grande conquista para a
cidade e sua população. A construção de ciclovias é o primeiro
passo para incentivar as pessoas a usarem a bicicleta, e outros meios
de transporte individual não motorizados, em suas tarefas pela
cidade. Em praticamente todas as experiências bem sucedidas ao redor
do mundo de promoção e incentivo do uso de meios de transporte
alternativos, a construção de ciclovias foi um passo primordial e
imprescindível
Diante
dessa realidade, fica claro que a proposta de destruição da
ciclovia na Rua XV de Novembro não visa promover a mobilidade urbana
no centro da cidade, pois agride uma peça fundamental para a
mobilidade. O que está por
trás, na verdade, é a tentativa de apagar os avanços e
transformações pelos quais a cidade passou nas gestões petistas de
César Pagan e Paulo Miotta. De fato, parece ser o único projeto de
gestão dos atuais aloprados que governam Amparo.
Portanto,
defender as ciclovias (e por consequência, uma política de
mobilidade urbana de verdade) é defender um modelo de cidade bem
diferente daquele que a atual administração do prefeito Jacob e
seus aliados (entre eles, o vereador que propôs a destruição da
ciclovia na Rua XV de Novembro) estão implementando em Amparo.
Queremos uma Amparo democrática, inclusiva, humana, sustentável e
apontando para o futuro. Não uma cidade que vive de passado e
depende dos velhos coronéis que sempre a usurparam.
Infelizmente,
estamos discutindo a manutenção de uma ciclovia ao invés de
discutir a construção de novas pela cidade. Estamos, basicamente,
na contramão do futuro.