terça-feira, 22 de setembro de 2015

“Estamos condenados a civilização: ou progredimos ou desaparecemos”.


Engana-se quem acha que a atual crise econômica, na qual os mercados do mundo todo estão imersos, é passageira e de fácil superação. Desde o estouro da bolha especulativa no mercado imobiliário dos EUA o capitalismo mundial não vai bem das pernas e, incapaz de lidar com suas próprias contradições internas, corrói as condições de vida da classe trabalhadora para garantir o acúmulo de riqueza nas mãos dos banqueiros e patrões.
No Brasil, a situação não é diferente do resto do mundo. Apesar de atingir nosso país com certo atraso em relação aos EUA e a Europa, a crise chegou e afeta milhões de brasileiros.
Porém, diferentemente de outras crises que encontravam um país frágil e quebrado, esta atual chega num momento ímpar de nossa história, fruto de políticas progressistas e desenvolvimentistas adotadas a partir de 2003, quando Lula assumiu a presidência.
Nosso país atravessa atualmente uma das maiores crises da história do capitalismo com reservas internacionais capazes de garantir a nossa saúde financeira, um mercado interno grande e robusto que garante a circulação de mercadorias, bancos e empresas estatais que  geram crédito, empregos e capacidade de investimento; além disso, nosso país passou recentemente pela maior ascensão social de sua história, tirando mais de 20 milhões de pessoas da miséria e injetando na classe média mais 30 milhões de pessoas. Como consequência, pela primeira vez na história brasileira, não estamos mais no mapa da fome da ONU.
Essas conquistas precisam ser preservadas e aprofundadas no futuro, abrindo caminho para um país menos desigual, mais justo e mais democrático. Porém, elas estão seriamente ameaçadas pela atual crise. As atuais medidas de ajuste fiscal do governo federal atacam diretamente os trabalhadores e os setores populares do país, aprofundam a recessão e beneficiam apenas os banqueiros e especuladores do mercado financeiro, reduzindo a capacidade do Estado investir.
A saída, contudo, não está na agenda proposta pela direita, que tem no impeachment da presidente Dilma sua grande bandeira, o que abriria caminho para reverter as conquistas dos últimos doze anos com medidas de austeridade ainda mais duras e ainda fragilizar nossa jovem democracia.
De fato, para garantir as conquistas sociais do último período e enfrentar a crise sem jogar nas costas dos trabalhadores a conta pela crise, é necessário que a presidenta Dilma aplique a política econômica que consta em seu programa de governo, sem ceder às pressões do mercado financeiro e da oposição encabeçada pelo PSDB. É hora de aproveitar a crise e a realizar as grandes reformas estruturais que abram caminhar para transformar nossa sociedade: reforma política, reforma urbana e agrária, reformas dos meios de comunicação e uma reforma tributária que taxe as grandes fortunas e patrimônios.
Acreditar que trocando a presidência da república, abrindo caminho para o que há de mais retrógrado na política brasileira, seria a melhor forma de enfrentar o atual momento é servir como massa de manobra daqueles que sempre se beneficiaram da miséria e da pobreza da maioria da população. Nós, da classe trabalhadora, deveríamos estar nas ruas exigindo que a Dilma realizasse as reformas democráticas e populares destacadas acima e implementasse uma política econômica não ortodoxa como atualmente, tirando do comando do Ministério da Fazenda um rato dos banqueiros como é Joaquim Levy.
Por fim, mas não menos importante, é necessário nesse momento de crise que estejamos atentos ao crescimento do fascismo disfarçado. Em momentos históricos como o atual, é comum a escalada do ódio e da intolerância como soluções aos problemas trazidos pelas contradições do sistema capitalista. Os ataques seletivos e violentos ao PT, aos partidos de esquerda e aos movimentos sociais e populares são um termômetro do tipo de discurso propagado na sociedade pela mídia e pela direita raivosa. Mesmo em situações adversas, o respeito e o diálogo devem sempre ser a marca da democracia, ao contrário das ofensas e ataques físicos como ocorrem atualmente. Devemos lembrar que a democracia ainda é frágil e pouca interessa a quem sempre pôde manipular a população através da tela da TV.
Seria melhor, neste momento difícil, que a classe trabalhadora compreendesse que no capitalismo ela sempre será a bucha de canhão com a qual a burguesia supera suas próprias crises; seria melhor lembrarmos que não temos nada a perde no capitalismo, a não ser nossos próprios grilhões; seria melhor acreditarmos que um outro mundo é possível, um mundo socialista e livre de crises, de miséria e de guerras.

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