Sou estudante
de psicologia da Unifesp – Baixada Santista e estou em greve desde 22 de maio.
Em situação parecida se encontram outros jovens universitários amparenses e de
todo o Brasil, já que a greve dos professores atinge hoje praticamente todos os
campi de Universidades e Institutos Federais. As reivindicações dos professores
dizem respeito tanto a aumento salarial quanto a melhorias no plano de carreira
numa tentativa de garantir a qualidade do ensino superior público, atraindo
professores qualificados e com dedicação exclusiva. Diante dessa situação e
depois de adiar várias vezes o início das negociações o Governo Federal
ofereceu duas propostas aos professores, mas estes consideraram as propostas
insuficientes e muito aquém das suas necessidades, portanto não houve acordo e
a greve prossegue.
Na grande
mídia pouco ou nada se fala sobre o assunto, e quando ele é tratado fala-se
apenas nos prejuízos que a greve traz, o que faz a população muitas vezes se
esquecer que a greve não só é um direito de todo trabalhador em um regime
democrático, como também um importante meio de atuação política que permite ao
grevista mostrar a importância do seu trabalho e exigir condições dignas de
trabalho. É verdade que essa greve tem causado prejuízos financeiros, desestabilização
na vida dos estudantes, desorganização dos serviços prestados pela
universidade, rupturas no processo de ensino e pesquisas, etc. Mas não podemos
esquecer que os prejuízos que as Universidades terão se a causa dos professores
não for defendida serão incalculáveis.
A postura do
Governo Federal diante desse cenário é decepcionante, principalmente para nós
do PT, partido que nasceu em meio às lutas dos trabalhadores. Primeiro
adiamento das negociações, o que fez a greve se prolongar cada vez mais; apresentam
então propostas que não contemplam as reivindicações dos professores; nas
reuniões apenas os Ministérios do Trabalho e do Planejamento, sem a presença do
Ministério da Educação e agora fechamento das negociações e ameaças de
retaliação com corte do ponto para os professores que permanecerem em greve. É
uma vergonha ver a Educação pública do Brasil tratada com tanta intransigência
por um governo teoricamente de esquerda.
Nós da
Militância Socialista de Amparo somos a favor da causa dos professores universitários
e acreditamos em uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Para
que isso seja possível é preciso valorização da carreira universitária, além é
claro, de uma melhoria na educação básica e profundas reformas no sistema público
de ensino. Defendemos que 10% do PIB seja destinado à educação e queremos a
expansão universitária sim, mas desde que seja investido para que essa expansão
tenha qualidade e estruturas adequadas ao seu funcionamento. Expansão
universitária não deve ser apenas aumento de vagas, mas incluir valorização de
professores e técnicos e garantir permanência estudantil e infra-estrutura de
qualidade para todos os campi.
Para entender melhor a proposta
do governo e os pontos defendidos pelo Governo visite o blog do Sakamoto: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/08/08/universidades-federais-o-governo-vai-contratar-novos-grevistas/.
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