domingo, 12 de agosto de 2012

A Greve das Federais



Sou estudante de psicologia da Unifesp – Baixada Santista e estou em greve desde 22 de maio. Em situação parecida se encontram outros jovens universitários amparenses e de todo o Brasil, já que a greve dos professores atinge hoje praticamente todos os campi de Universidades e Institutos Federais. As reivindicações dos professores dizem respeito tanto a aumento salarial quanto a melhorias no plano de carreira numa tentativa de garantir a qualidade do ensino superior público, atraindo professores qualificados e com dedicação exclusiva. Diante dessa situação e depois de adiar várias vezes o início das negociações o Governo Federal ofereceu duas propostas aos professores, mas estes consideraram as propostas insuficientes e muito aquém das suas necessidades, portanto não houve acordo e a greve prossegue.
Na grande mídia pouco ou nada se fala sobre o assunto, e quando ele é tratado fala-se apenas nos prejuízos que a greve traz, o que faz a população muitas vezes se esquecer que a greve não só é um direito de todo trabalhador em um regime democrático, como também um importante meio de atuação política que permite ao grevista mostrar a importância do seu trabalho e exigir condições dignas de trabalho. É verdade que essa greve tem causado prejuízos financeiros, desestabilização na vida dos estudantes, desorganização dos serviços prestados pela universidade, rupturas no processo de ensino e pesquisas, etc. Mas não podemos esquecer que os prejuízos que as Universidades terão se a causa dos professores não for defendida serão incalculáveis.
A postura do Governo Federal diante desse cenário é decepcionante, principalmente para nós do PT, partido que nasceu em meio às lutas dos trabalhadores. Primeiro adiamento das negociações, o que fez a greve se prolongar cada vez mais; apresentam então propostas que não contemplam as reivindicações dos professores; nas reuniões apenas os Ministérios do Trabalho e do Planejamento, sem a presença do Ministério da Educação e agora fechamento das negociações e ameaças de retaliação com corte do ponto para os professores que permanecerem em greve. É uma vergonha ver a Educação pública do Brasil tratada com tanta intransigência por um governo teoricamente de esquerda.
Nós da Militância Socialista de Amparo somos a favor da causa dos professores universitários e acreditamos em uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Para que isso seja possível é preciso valorização da carreira universitária, além é claro, de uma melhoria na educação básica e profundas reformas no sistema público de ensino. Defendemos que 10% do PIB seja destinado à educação e queremos a expansão universitária sim, mas desde que seja investido para que essa expansão tenha qualidade e estruturas adequadas ao seu funcionamento. Expansão universitária não deve ser apenas aumento de vagas, mas incluir valorização de professores e técnicos e garantir permanência estudantil e infra-estrutura de qualidade para todos os campi.

Para entender melhor a proposta do governo e os pontos defendidos pelo Governo visite o blog do Sakamoto: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/08/08/universidades-federais-o-governo-vai-contratar-novos-grevistas/.

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